“Meu obstetra, infelizmente, não aceita o acompanhamento de doula.”
Essa frase foi dita por uma gestante que me procurou, inicialmente, para ter mais informações sobre meus serviços e valores cobrados. Passados alguns dias após a primeira troca de e-mails, recebi a mensagem acima e fiquei muito triste. Não porque eu não iria acompanhá-la, mas porque ela teria que parir sozinha, e sozinha brigar com um sistema que é muito maior e mais forte que nós.
A doula dá informação à mulher e seu companheiro. Fala sobre as fases do parto, o que esperar, como lidar com as contrações. Explica procedimentos que podem ser recusados. Diz que a primeira hora do bebê é sagrada e que ele não deve ser separado da mãe. A doula conta coisas que o obstetra geralmente não conta (se ele for humanizado, não só conta tudo como pede para a mulher contratar uma doula).
Se um obstetra não aceita trabalhar com doulas, podemos imaginar que:
- ele acredita que manda no parto e que pode fazer o que bem entender com o corpo da mulher
- ele não dá nenhum valor ao protagonismo feminino, ou seja, a capacidade da mulher de tomar decisões em relação a seu corpo e seu bebê
- ele não acredita no parto como um evento fisiológico e, mesmo que acompanhe partos normais, não vai deixar a mulher parir na água, ou de cócoras, ou como tiver vontade
- ele não quer que a doula testemunhe o que ele vai fazer ou deixar de fazer durante o parto.
O que eu queria ter dito a essa gestante, se ela tivesse dado abertura para isso, seria: busque outras opiniões, procure um obstetra que trabalhe com doulas, vá atrás do parto que você deseja. Nunca é tarde para mudar.