Quantas vezes você já ouviu ou leu a frase “teve que ser cesárea porque o cordão estava enrolado no pescoço”? Esse é um dos inúmeros mitos que levam a falsas indicações de nascimentos por via cirúrgica em nosso País – e infelizmente aparece com muita frequência.
A circular de cordão é um achado fisiológico, ou seja, não há anormalidade nele – nem nada que impeça um parto normal. Mais de 30% dos bebês terão o cordão umbilical enrolado em alguma parte do corpo, já que o feto está imerso no líquido amniótico e se movimenta continuamente. Ouvi de médicos e parteiras em um congresso que, na Europa, nenhuma ultrassonografia gestacional traz essa informação de cordão enrolado no pescoço, porque não tem nenhuma relevância para o desfecho do parto.
A explicação é simples. O bebê respira pelo próprio cordão umbilical, que é preenchido por uma espécie de “gelatina elástica” para que o fluxo de sangue não seja interrompido caso ele seja torcido ou enrolado. Como o bebê não respira pelos pulmões quando está no útero da mãe, o ar não passa por seu pescoço; assim, não há como sufocar com uma circular de cordão.
E se o bebê tiver duas ou mais circulares de cordão no pescoço, existe risco? Não por esse motivo. “Acidentes verdadeiros de cordão são situações raríssimas que podem ocorrer durante a gravidez”, explica a obstetriz Ana Cristina Duarte.