Hoje o bebê de uma amiga foi para a UTI por desconforto respiratório após uma cesariana agendada. Eu fiquei arrasada. Esse fato tão triste me fez escrever sobre algo que todos os profissionais humanizados preconizam: mesmo que sua opção seja uma cesárea, espere entrar em trabalho de parto.
A única garantia de que o bebê está pronto para nascer é o início do trabalho de parto, uma vez que não existem exames capazes de assegurar a completa maturidade de um bebê – e de seus pulmões. Estudos recentes mostram que o bebê desencadeia o trabalho de parto da mãe ao liberar uma substância que indica sua maturidade pulmonar (leia mais aqui). Quando a mulher opta por uma cesariana eletiva (agendada), com o aval de seu obstetra, ela faz seu filho correr o risco de ainda não estar totalmente pronto para respirar fora do útero.
Os médicos informam às pacientes as consequências da prematuridade? Pelos números alarmantes de cesáreas marcadas antes de grandes feriados, a resposta é não (clique aqui para ler reportagem da Folha de S. Paulo).
E as histórias tristes se repetem… O obstetra indica uma cesariana, na maioria das vezes por motivos não reais (clique aqui para conhecer as indicações reais e fictícias para a cirurgia), a mulher acredita nele e aceita agendar a data; o bebê nasce, tem desconforto respiratório, vai para a UTI e ninguém acha que a culpa foi da cesárea eletiva.
O parto normal tem riscos? Claro que sim. Como tudo na vida. Mas todos os estudos científicos realizados até hoje comprovam que muito mais coisas negativas podem ocorrer com a mãe e o bebê na cesariana.
De acordo com o ministério da Saúde, “as cirurgias cesarianas agendadas, feitas sem a indicação técnica adequada, sem que a mulher sequer entre em trabalho de parto, aumentam a probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido, aumentam em 25% os óbitos infantis neonatais e triplicam o risco de morte materna”.
Estudo da Organização Mundial de Saúde conclui que cesarianas estão associadas “a um risco intrínseco de desfechos maternos graves e que somente deveriam ser realizadas quando um claro benefício é antecipado, compensando os custos maiores e os riscos adicionais associados com a cirurgia” (leia mais aqui).
Por isso, espere… uma gestação normal vai de 37 a 42 semanas. Faça uma escolha bem informada. A mulher tem o direito de escolher a via de parto? Com certeza. Mas é o bebê que diz quando está pronto para nascer. Após o início do trabalho de parto, a decisão é sua.