Vocês já ouviram falar nesta expressão – hora de ouro? É a primeira hora de vida do bebê, momento de fundamental importância para facilitar a formação do vínculo mãe-bebê e contribuir para o sucesso da amamentação.
Na primeira hora de vida, o recém-nascido está em estado de alerta, geralmente com os olhos bem abertos e um reflexo de sucção forte. Ele troca os primeiros olhares com a mãe, contribuindo de forma significativa para o estabelecimento do vínculo familiar. O recém-nascido alerta procura a mama, virando a cabeça, abrindo a boca e colocando sua língua para fora. É hora de estar em contato pele a pele com a mãe – e não de passar por exames e intervenções que podem esperar.
Está cientificamente comprovado que o contato pele a pele com a mãe na primeira hora de vida ajuda a estabilizar a temperatura corporal do bebê, bem como seus batimentos cardíacos e sua respiração, reduzindo o choro e facilitando a transição do recém-nascido para o mundo fora do útero. O contato com a pele da mãe também coloniza o bebê com as bactérias “do bem”. Para a mãe, receber o filho em contato pele a pele (vejam, não é para estar enrolado em panos) estimula a liberação de ocitocina, que provoca a contração uterina, importantíssima no pós-parto imediato, e é o hormônio responsável pela ejeção do leite.
Se, ao contrário de tudo isso, o recém-nascido é separado da mãe ao nascer, sendo levado para diversos procedimentos – na maioria das vezes desnecessários naquele momento – e depois para o berçário, a hora de ouro é perdida. O bebê é entregue à mãe horas depois, já num estado fisiológico de sonolência que pode durar um tempão. Imaginem, nesse momento, como é tentar colocar um bebezinho no seio…ele não quer mamar, quer dormir!
Quais seriam estes procedimentos hospitalares? Pesar, medir, dar banho, vestir roupinha, identificar o bebê. Tudo isso pode e deve esperar. Pingar colírio de nitrato de prata, dar injeção de vitamina K, esfregar o bebê para tirar o vérnix (aquela secreção esbranquiçada que existe na pele do bebê quando ele nasce e que serve para proteger a pele delicada): isso deve ser discutido no pré-natal com o médico, a parteira e/ou a doula, e as preferências dos pais devem constar no plano de parto.
Lugar de bebê que nasce bem – a grande maioria nasce bem! – é no colo da mãe. Sem interferências na primeira hora de vida. Se o recém-nascido precisar de alguma ajuda para iniciar a respiração e fazer a transição para o meio externo, ele também deve ir para o colo da mãe assim que estiver estável. Respeitar a hora de ouro é algo por que devemos batalhar, sempre.